"
Funcional (isto é que responde a uma função) foi uma expressão que veio designar o sistema de construção em que o emprego de um material segue sempre de perto as necessidades económicas e técnicas para atingir um resultado artístico. Ao dizer
arquitectura funcional pretende-se, portanto, indicar aquela
arquitectura que consegue ou se esforça por conseguir unir o útil e o belo, aquela que não aspira apenas ao belo descurando o útil e vice-versa. Toda uma estética arquitectónica se baseou em tal princípio, muitas vezes (como teremos oportunidade de constatar) excessivo e em nome do qual se viria a negar toda a razão de ser aos elementos (ornamentais, decorativos) estranhos à estética do edifício, corroborando o puritanismo do primeiro racionalismo segundo o qual a ornamentação de qualquer natureza era considerada uma praga em todas as construções. Um tal conceito de «funcionalidade» fora logicamente menos sentido em épocas anteriores, quando as necessidades sociais, higiénicas e económicas se não sentiam também com tanta urgência; por isso, a funcionalidade, [por exemplo] do castelo, do palácio ou do templo era mais psicológica do que económica ou técnica. Mas com a aproximação da época moderna e com o agonizar da sociedade feudal, muitos edíficios que no passado haviam tido a sua eficiência acabariam por a perder. Assim desaparecia o castelo, a residência do rei e se limitava a importância fundamental da igreja, enquantonnogvos eddifícios «monumentais» (estações de caminho de ferro, fábricas, estádios, hangares , arranha- céus) se viam quase todos intimimamente ligados a uma finalidade mais prática do que representativa. (...) Com o advento, portanto de uma época onde predominava o elemento mecânico e económico, a funcionalidade arquitectónicavivia cada vez mais «em função» do material utilizado e não é por acaso que que o primeiro grande arquitecto modeno da América Louis Sullivan, exprime na famosa frase «
form follows function» um princípio que haveria de influenciar durante várias décadas a nova estética arquitectónica.
" *
* DORFLES; Gillo, A arquitectura moderna, (1971). Edições 70.
Ver também: LOOS; Adolf , Ornamento e crime.